quarta-feira, dezembro 31

é só mais um...

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Pois é... mais um ano passou, e passou tão rápido! 366 dias marcados por grandes acontecimentos, muito deles bons outros nem tanto, algumas realizações pessoais e profissionais, muito trabalho e pouco dinheiro, saúde quanto baste, e o escancarar das janelas deste mofado gabinete. Não ando com muita vontade de festejos, mas é altura para agradecer a vossa presença aqui neste cantinho, de dizer OBRIGADO pelas vossas visitas e palavras, pois sem elas este blogue não teria nenhum interesse. Mantive os amigos e ganhei novos, especiais com quem aprendi muito. Ao longo da vida existirão sempre momentos menos bons mas são parte integrante da trajectória que qualquer um se dispõe a viver. Hoje (ontem) mesmo despedi-me de um velho amigo, avô por afinidade, um contador de histórias e onde estiver certamente as continuará a contar com a mesma sabedoria.

Vou fechar a porta a este 2008 que de certa forma foi para mim um ano positivo e gratificante. A crise que espere pela demora. Só me resta mesmo é desejar a todos um ano repleto de alegria e saúde, que entrem com todos os "pés direitos" possíveis, e não se esqueçam que o bom humor é fundamental. Faxabôre, estejam a sorrir...

Até para o ano!


Happy New Year 2009 - Black Buzuc. Music - Coldplay (Viva la Vida)



segunda-feira, dezembro 29

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(esta manhã)

Ergo num cálice de Porto
Um eterno brinde ao afecto
Às histórias de vida sentida
Alegremente contada e vivida
No sorriso aberto do avô Alberto


terça-feira, dezembro 23

feliz natal

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NATAL

Esta história remonta à última década do século III, altura em que o governo do Império Romano estava repartido por quatro imperadores, formando uma “tetrarquia”, no topo da qual estavam os imperadores Diocleciano e Maximiniano que, ciosos em preservarem os valores tradicionais do paganismo, moveram a mais longa e impiedosa perseguição a todos os que se convertiam ao cristianismo.

Aos convertidos viriam a juntar-se os irmãos Crispim e Crispiniano, dois jovens que apesar de pertencerem a uma família nobre romana foram igualmente acossados pelos soldados daqueles imperadores. Perseguidos sem tréguas nem repouso, depois de se terem escondido em várias localidades e de terem aprendido e desempenhado o ofício de tamanqueiro, viram-se obrigados a fugir para mais longe, acabando por encontrar refúgio em Soissons, no norte da Gália (actual França).

Quando ali chegaram, o facto de fazerem tamancos ou socos ajudou-os a integrarem-se melhor no seio da respectiva comunidade, pois para além de lhes servir para sobreviverem, trocando com os vizinhos tamancos com os indispensáveis produtos alimentares, a troca e partilha de bens essenciais serviriam também para os dois irmãos ganharem a confiança da população local, porque alimentavam a intenção de virem a pregar o Evangelho.

Resolveram dar início a este desígnio no penúltimo dia do “Natalis Solis Invictus” ou “Festa do Solstício da Luz” (um dia correspondente a 24 de Dezembro). Recordando uma penosa experiência, saíram de casa ao cair da noite, e foram bater à porta do casebre mais arruinado da povoação, onde viviam uma pobre viúva e o seu filho Fábio, com apenas 9 anos de idade.

Quando ali chegaram, mãe e filho ficaram muito surpreendidos com a visita dos dois artesãos que vagamente conheciam. Após alguns segundos de silencioso espanto, a pobre mulher convidou-os a entrarem para junto da lareira, ao mesmo tempo que, exteriorizando a sua estranheza, ia dizendo:

- Havendo por aí tantas casas onde se festeja esta noite o nascimento do “Solis Invictus”, o que vos trouxe aqui, a esta triste choupana, onde só há pobreza e luto?
- Vimos cá para cearmos convosco e para vos falarmos do mais importante nascimento acontecido à superfície da Terra. O nascimento de Quem trouxe a verdadeira luz que deve iluminar a alma de todos nós.

Dito isto, retiraram dos bornais alguns mantimentos, depois colocaram pinhas em redor da fogueira para com o calor abrirem, e delas retirarem alguns pinhões que viriam a servir de sobremesa à refeição frugal.

Acabada a ceia, Crispim passou a contar o que sabia sobre o nascimento de Jesus.

“Há quase 300 anos, o imperador César Augusto decretou o primeiro recenseamento do Império Romano. E para que ninguém fosse contado duas vezes, o decreto obrigava todos os chefes de família a apresentarem-se na terra de origem das respectivas famílias.

Nessa altura, muito longe daqui, numa terra chamada Nazaré, no distrito da Galileia, vivia abençoado pelo Senhor o casal Maria e José. Ela que aguardava para breve a hora da sua maternidade, viu esta serena espera perturbada por aquela ordem imperial, porque José, pertencendo uma família originária de Belém, no distrito da Judeia, era obrigado a deslocar-se a esta cidade para proceder ao seu registo. E assim, nos últimos dias da sua gravidez, Maria haveria de percorrer 815 “stadiums” (cerca 150 quilómetros) de péssimos caminhos, num incómodo jumento, enfrentando as inclemências do tempo, para que se cumprisse a professia de Miqueias:

"E tu, Belém chamada Efrata, Posto que pequena entre milhares de Judá, De ti sairá o que há-de ser Senhor de Israel."

Quando chegaram a Belém Maria sentiu as primeiras dores do parto, o que os levou de imediato a procurar abrigo. Mas devido à grande afluência de forasteiros não encontraram lugar em qualquer estalagem ou hospedaria. Percorrendo a cidade de lés a lés, entraram numa crescente angústia porque se aproximava a hora do parto e não tinham encontrado quem os quisesse ou os pudesse receber. Foram então procurar abrigo nos arredores de Belém.

Depois de muito a caminharem, encontraram uma hospedaria na orla duma estrada. José entrou na estalagem através duma sala ampla que estava coalhada de gente que dormia deitada no sobrado, embrulhada em mantas surrentas e nos mais variados tipos de agasalhos. Lançou um olhar de preocupação por toda a sala e viu, entre adultos de ambos os sexos e de diversas idades, crianças que dormiam e outras que choravam. E viu num canto da sala o estalajadeiro acompanhado de alguns mercadores e viajantes grosseiros que se entretinham a jogar.

Dirigiu-se ao hospedeiro e perguntou se lhe podia alugar um sítio onde houvesse maior tranquilidade, porque não podendo expor a mulher prestes a dar à luz à promiscuidade daquela sala, preferia um lugar sossegado que garantisse uma serena intimidade, mesmo sacrificando a comodidade.

O estalajadeiro respondeu-lhe que, com tais condições, só tinha um estábulo, situado numa gruta cavada no sopé da colina das traseiras, onde recolhia uma vaquinha.

Depois de ter pedido ao hospedeiro para lhe mostrar o estábulo, José saiu para a berma da estrada e aproximou-se de Maria para lhe contar o que observara na hospedaria e a conversa que tivera com o proprietário. Ela teve um gesto de assentimento e ambos se dirigiram na direcção do estábulo subterrâneo. Maria parou no limiar da caverna e à luz do lampião que o estalajadeiro segurava, viu que o único sítio limpo no interior do estábulo era a manjedoura. E ao ver quão humilde era o aposento reservado ao Filho que estava para nascer, tão amargurada ficou, que os seus olhos acabaram marejados de lágrimas e o seu coração amoroso sentiu a dor mais preciosa do mundo! Mas não tardaram a acudir-lhe razões que, iluminando o seu entendimento, a levaram a compreender e a aceitar aquela extrema humildade e pobreza.

José apressou-se a cobrir a manjedoura com um braçado de palha enxuta. Depois saiu para aquecer uma pouca de água numa fogueira que acendeu à entrada da gruta. E ali ficou a meditar, com os ouvidos atentos aos gemidos de Maria que, em voz baixa, apelava directamente para o Senhor. Desassossegado, observava com preocupação as redondezas da gruta. Se tivesse erguido o olhar, teria visto a crescente proximidade de uma estrela grande e brilhante. Mas não. Apenas o balir das ovelhas na colina despertaram a sua atenção e só a proximidade dos pastores o preocupava. De súbito, a caverna ficou toda iluminada com um clarão tão vivo que o deixou assombrado. E só depois ouviu que Maria chamava por ele. Aproximou-se com a água que aquecera e ficou a olhar enternecido o primeiro banho do Deus-Menino. E quando Maria O envolvia em faixas e reclinava na manjedoura, José afagou a pequenina cabeça de Jesus com as mãos calosas de carpinteiro que era.

Os pastores da colina ficaram alvoraçados com rutilante luminosidade da estrela e comentavam entre si o fenómeno, quando tiveram a visão dum anjo do Senhor. Cheios de assombro caíram por terra e cobriram as cabeças com mantas. Mas não tardou que ouvissem a voz do anjo que lhes disse:

“Não tenhais medo, pois que venho dar-vos uma grande alegria: Nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo, o Senhor, nesta cidade de David. E eis o que vos servirá de sinal: numa gruta situada no sopé desta colina, encontrareis um menino deitado numa manjedoura.”

E com o voz do anjo, ouviram uma multidão de vozes que louvavam ao Senhor, cantando:

“Glória a Deus nas Alturas E Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.”

Depois de Maria vestir a Jesus as roupinhas de algodão e de linho que Ela própria confeccionara, ouviram-se vozes no exterior da gruta: eram os pastores!

Excitados como estavam, falavam todos ao mesmo tempo. E José, que tudo quanto queria era estar sozinho com a família, preparava-se para lhes dizer que se calassem para que a esposa e o Filho pudessem descansar. Mas ficou maravilhado com o que ouviu da boca deles e correu a contá-lo a Maria. Ela olhou o Filho, conservou todas estas coisas e meditou-as no seu coração...
Maria pediu a José que deixasse entrar os pastores. E aqueles homens de peles tisnadas, ao depararem com o Salvador, ajoelharam, inclinaram as frontes e, recolhidamente, veneraram o Deus Menino.

Depois de tudo o que ouviram e viram, regressaram cheios de alegria e esperança, porque nascera o verdadeiro “Sol da Justiça”.

Um Sol que deverá iluminar o coração de todos nós, acrescentou Crispim.

Tinha acabado a narrativa, mas o serão e a presença dos dois irmãos só terminariam depois do rapazinho ter adormecido.

Na manhã seguinte, quando o Fábio chegou junto à lareira, deparou ali com um pequeno par de tamancos. O seu júbilo foi enorme, porque com a prenda oferecida pelos mensageiros do Menino Jesus passaria a andar calçado como os meninos afortunados.



Algés, Dezembro de 2008
José Gomes Quadrado

O presépio é de um projecto familiar


Vivaldi 4 Saisons - Winter - Fischer



segunda-feira, dezembro 22

confessem...

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... Já compraram tudo, as prendas, os chocolates, o bolo-rei, o bacalhau, os frutos secos, o vinho, a canela, o pão-de-ló? Já prepararam a mesa para as rabanadas, as filhós, o arroz doce, o leite-creme, a aletria? Já enviaram todos os postais, cartões e sms’s?

Eu não! O facto de deixar sempre tudo para os últimos dias, principalmente quando tenho de gastar dinheiro, não é defeito, é feitio e teimosia mesmo. Não tenho emenda! E como já não tenho idade para o encontrar, terei de me fazer à vida e procurar as ultimas prendas para este natal, no meio do maralhal que anda como eu num corrupio entre montras, corredores e enfeites a gastar os últimos euros que restam do subsídio. Bem feito, se fosses esperto não tinhas de perder tempo em hiperes. Livra! O mundo da leopoldina e da popota, não me encanta. Só a visão das filas para o estacionamento e para as caixas registadoras, sentir o perfume patcholi a sovaqueira, de levar com uns encontrões de cestas nos calcanhares e de sacos de compras, me aterroriza. Ter que gramar com os retardatários, como eu, já é dose!… Abençoada seja a Santa Fnac dos aflitos!

O Natal não seria Natal sem o natal dos hospitais. A histeria natalícia das têvês passa-me um pouco ao lado, no entanto lembrei-me de o referir, não só para engrossar um pouco este texto, mas também para vos perguntar se já terão passado na programação televisiva habitual da época os indispensáveis filmes para toda a família, tipo a trilogia do “Harry Potter” e do “Sozinho em Casa”, estão a ver?



Já alguém me tinha dito que o homem tem 4 idades, a idade em que ele acredita no Pai Natal, a idade em que não acredita mais no Pai Natal, a idade em que ele é o Pai Natal e a idade em que ele fica com a cara do Pai Natal!




Sexta feira estivemos presentes em mais um cumbíbio, vá lá um mini cumbíbio, no Salta a Tampa da Olá e tivemos a oportunidade de conhecer a Gi pessoalmente, encantado com a simpatia e o charme, e voltar a conviver com a, Inês, a Ka, o Vitor, a Joana, o Albino, o Paulo o António, o Nhac e a sangria. Ficamos gratos a todos pela boa disposição, amizade e ternura.

Feliz e Santo Natal a todos na companhia dos vossos familiares e amigos. Bem hajam.


sexta-feira, dezembro 19

sugestão natalícias

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John (Peter Serafinowicz) apresenta para este Natal dois novos produtos da Apple:


Uma revolucionária sanita que permite ao utilizador fazer o “dumpload” das suas necessidades directamente para a sua conta iRetrete. Nem será preciso a utilização dos seus próprios utilitários de limpeza. O utilizador da iRetrete pode usar o papel higiénico do Bono ou do William Shatner, por exemplo.



Apresenta também o Mactini, o mais pequeno Macbook do planeta, um revolucionário micro computador e a sua única tecla. Qual Macmini, qual Magalhães!? O Mactini supera qualquer um deles. Nenhum MacManíaco pode deixar de ter um.


quinta-feira, dezembro 18

quem conta um conto... acrescenta um ponto.

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Certa vez um homem, que se achava perfeito, conheceu uma mulher, que também se dizia perfeita. Namoraram e casaram, formando assim o casal perfeito, segundo eles. Numa noite de Natal, ia o casal perfeito de carro por uma estrada deserta, quando viu um vulto na berma a pedir ajuda. Com pessoas perfeitas que eram, pararam para ajudar o solitário. Quem estava na berma da estrada era nem mais nem menos do que o Pai Natal, apeado do trenó pelas renas que decretaram uma greve. Não querendo deixar milhões de crianças decepcionadas, o casal, na sua perfeição absoluta, ofereceu-se de imediato a ajudá-lo na distribuição dos presentes. O velhinho agradeceu imenso, entrou no carro e lá foram eles cheios de pressa porque o tempo escasseava. Infelizmente não chegaram sequer a entregar um só presente, porque devido à neve e ao gelo o carro despistou-se, e dos três ocupantes só um sobreviveu para contar esta história.

Querem que vos diga quem foi o sobrevivente do trágico acidente? Se a mulher perfeita, o homem perfeito ou o Pai Natal?



É claro que foi o velhote! Toda a gente sabe que a mulher e o homem perfeitos não existem!...

U2 - I Believe In Father Christmas


quarta-feira, dezembro 17

desejos (pró ano que vem!)

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Acredito que devemos tomar opções de acordo com a nossa vontade, seguir a intuição, as preferências e convicções. Que importa saber o que pensam de mim, se estou certo ou errado, se ficou bem ou mal, agradei ou desiludi?! Mais do que procurar saber qual o momento, o importante mesmo é acreditarmos nas escolhas que fazemos. No fim, sentimo-nos mais realizados e confiantes por termos feito "aquela" escolha que até parecia a mais difícil e saberemos se foi ou não a melhor. No fim aprendemos e crescemos com os erros cometidos e, conformados, damos razão à voz da razão. Mas o que importa isso agora se o que foi feito já está feito!? Se eu pudesse crescia mais uns centímetros e, sem me esforçar muito, tirava mais uns quilinhos. Faríamos outra sessão de talasoterapia e não desdenharia uma terapia de chocolate. Trocava todo o meu guarda-roupa. Teria um emprego melhor, ganharíamos mais e faria menos. Teríamos uma vida interessante e faríamos uma volta ao mundo. Um carro desportivo e um barco. Do apartamento passaríamos para uma mansão. Não mudava a cor dos olhos nem a do cabelo. Não faria peelings nem liftings, mas massagens a quatro mãos e de pedras do rio. Mudava a minha maneira de ser. Seria mais compreensivo, mais atento e simpático, inteligente e menos esquecido, saberia dançar e conversar. Se pudesse garantiria um futuro melhor a quem dependesse de mim e a quem eu quisesse.

Penso que seria tudo! Tudo isso e muito mais, sem grande ambição.
No final, todos nós gostaríamos de ser como somos, não é?

terça-feira, dezembro 16

tolerância zero

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O que me leva a contar esta cena toda não é bem a minha fatalidade mas a constatação de uma triste realidade. Sábado passado, já bem perto da meia-noite e quando regressava a casa, cai em mais uma das ratoeiras que abundam nas ruas cá do burgo. Tinha chovido bastante todo o dia e, embora não chovesse naquela altura, descuidei-me e fui um azelha na condução. Num cruzamento em Gaia enfiei duas das rodas do carro num buraco coberto de água, pummm…pummm, $%”@ &#£ $@§!#, que foi isto!? Pelo vibrar súbito da direcção da viatura percebi logo qual seria a minha sentença e entretenimento nos minutos seguintes. Por coincidência a estação de serviço de Coimbrões era logo ali e dirigi-me lentamente para lá. Parei o carro junto ao local da bomba de ar, onde por acaso já lá estava outro veículo com alguém a tentar mudar um pneu e um muito alegre grupinho a assistir e a comentar. Inspeccionei os meus estragos, fui buscar o material necessário e pus as mãos no macaco, antes que voltasse a chover. Pela conversa vernácula, histeria colectiva e um cheirete tremendo a charro de haxixe, ou lá o que era aquela merda, vindo da minha momentânea vizinhança, percebi que poderia ter problemas e mais depressa saquei a roda sobresselente. Podem até pensar o contrário mas trocar a roda a um carro é bem mais fácil do que mudar a câmara de uma bicicleta. Pelos vistos os indivíduos tinham chegado de um jantar qualquer, com aqueles neurónios embebidos em alcool e providos de diálogos num tom ameaçador com juras de vingança a alguém que supostamente lhes teria furado o pneu. Como um mal nunca vem só, desata a cair uma chuvada gelada no meu couro e, eu ali com o carro em três rodas e sem hipóteses de fuga, limitei-me a concluir a tarefa o melhor que pude. Nisto os gajos atiram com tudo o que sobrou para dentro da mala da viatura e arrancam a toda a pressa, pelo que percebi, em direcção a Leça. Encharcado e gelado até aos ossos, estou ainda a pagar a factura dessa noite, acabei por trocar a roda e prosseguir viajem constatando aquela triste realidade. O crime, a inconsciência, o atentado que aqueles tipos poderão cometer perante outros pacatos cidadãos. O perigo que é circular junto a eles numa estrada qualquer. Pelo que pude observar nenhum daqueles sujeitos estaria em condições mínimas de caminhar a direito, quanto mais de fazer um "quatro”. Sobretudo nesta altura do ano todos se preocupam com a segurança rodoviária, e está tudo certo, muito certo, só que não bastam as inspecções aos veículos, os limites de velocidade ou as incansáveis campanhas rodoviárias. O real perigo está na falta de civismo, na ausência de qualquer pudor e na inconsciência premeditada em colocar as mãos num volante e o pé num acelerador, mesmo sabendo que com essa atitude irresponsável colocam muitas vidas em perigo.

Desses eu tremo de medo, de muito medo!...


segunda-feira, dezembro 15

o nó vigilante

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Aqui e ali sopravam vagos ruídos, que misturados com recordações passadas e fragmentos de sonhos povoavam o seu alterado sono. Anjos, sombras e um zumbido das trevas faziam as vezes de um bando de pássaros, miados de gatos, e sussurros de alguém muito chegado a ele, a falecida, que um dia se despediu para dormir e, sem perceber bem porquê, nunca mais voltou. Lentamente o ruído cessou e seus ouvidos foram inundados por um silêncio pleno que se espalhou pela mente. Então as lembranças clarearam nítidas, e ele percebeu que aquele era o dia do aniversário. Reviu no pensamento as páginas de um livro de histórias chamado vida. Parou em cada uma delas para lhes analisar a memória, as quatro paredes de uma casa conjugal, um quintal onde as galinhas picavam o chão e uma mulher de pequenas mãos gretadas lhes atirava grãos de milho. A companheira de sempre, aquela figurinha debilitada que à beira dele resistia ao tempo. Sorridente, costumava ficar minutos infindáveis a contemplar aquele gesto que lhe parecia um chamamento, a nitidez das mãos e dos grãos de milho ao sol, o contraste das superfícies, a sugestão do movimento, dava-lhe asas à imaginação, indicava-lhe o azul num céu claro.

Do grande livro da sua memória voou o pensamento para um quarto de camas de ferro e cadeiras almofadadas claras junto a uma janela luminosa, flores cor de sangue e uma porta que se abre para deixar entrar uma figura feminina de longos cabelos dourados. A visão o fez sorrir, enquanto a claridade entrava pela janela e desenhava uma silhueta familiar que lhe fez inundar os olhos. Uma paz indescritível apoderou-se do seu corpo. Sem uma palavra ela chegou perto dele e lhe deixou um beijo impresso na testa. Estava leve, inteiramente tomado pela felicidade de ser quem era, velho e vivido, vendo-se subitamente de mãos dadas com a neta, tão feliz. Naquele dia tinha casado com a única mulher da sua vida, esposa devotada, franzina mas ágil, que agora em sonhos lhe aparecia bela como então. Mulher dedicada, espécie de pau para toda a obra da patroa, que num abrir e fechar de olhos a vida a atirou para o abismo do esquecimento. Nem mesmo a fortuna do filho sempre presente lhe serenara um sofrimento que suspirava em silêncio, de olhos fechados, enquanto imagens dela se esbatiam em lembranças, cobertas por uma névoa esbranquiçada. Tu, meu anjo, não te esqueces de mim, pensou num sorriso que se fixou na sua boca murcha, enquanto do olhar se soltaram algumas lágrimas rebeldes. Uma luz se insinuou por uma fresta da porta e atravessou o quarto, incidindo directamente sobre a sua cama coberta por uma manta branca. Com ela veio a voz habitual de quem cuida a toda a hora, o nó vigilante que prende as pontas soltas do seu corpo frágil à vida, naquele aposento, todo o tempo dominado pelo cheiro dos medicamentos e um odor ácido das fraldas geriátricas mudadas a horas certas pela enfermeira.

Para que não se esqueça. Um dia, poderemos ser nós numa cama de hospital.

The Fray - How To Save A Life



sábado, dezembro 13

gabinetêvê [10]

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Tó (Mano) disse...

Todos diferentes e "quase" todos iguais, excepto aquela minoria que se acha a "dona" deste pedaço de terra onde vivemos, e pode fazer e desfazer a seu belo prazer e ainda por cima....não se passa nada...e "todos" os outros, a grande maioria, continua de mãos e braços atados sem nada (poder) fazer.



Curta metragem "Retratos de Alguien"
Duração: 03,15m.
Gravado em 27 Novembro de 2008
Local: Barcelona, Cataluña, Espanha

sexta-feira, dezembro 12

de quarentena

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Enquanto o meu velho pêcê está de quarentena, e com toda a certeza vai me dar água pela barba durante todo o fim-de-semana, tenho estado assim sem disponibilidade nem criatividade para publicar o que quer que fosse. Mas o que é vivo sempre aparece e dei por mim a escrever isto, vá se lá saber porquê!

Como esta é uma época mágica que se propõe a ideias e sugestões, e por estas bandas não andam nada abundantes, porque não aproveitar este meu bloqueio mental e desatino informático para rebuscar algo interessante na arrecadação global que é o Google e desenterrar virtualidades parecidas com os costumes e tradições da época. Vai daí encontrei duas mariquices. Muitos com certeza já montaram a habitual árvore de Natal em vossas casas, e imagino que gostariam também de ter uma a decorar o vosso ambiente de trabalho. Nada mais fácil e sem grandes necessidades técnicas. Basta terem um computador, imagino que sim, e em breves momentos poderão ter a vossa virtual árvore de Natal. É só carregar aqui e correr o ficheiro Xmas.exe, está testado e limpinho vos garanto. Ficam assim com uma árvore de Natal toda giraça e iluminada. Podem criar mais do que uma árvore, definir a transparência, localização, entre outras opções, com o botão direito do ratinho em cima dela. Se quiserem vestir a pele de um bom samaritano só têm de aceder a este sítio e distribuir felicidade por essa Internet a fora, como eu já fiz!




Bom fim-de-semana e Felizes compras de Natal!

quinta-feira, dezembro 11

parabéns mestre

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Aniki-BéBé

Aniki-BóBó

Passarinho Totó

Berimbau, Cavaquinho

Salomão, Sacristão

Tu és Polícia, Tu és Ladrão.


"Aniki-Bóbó", a fórmula mágica que, nas brincadeiras de crianças, permite determinar, sem discussão, quem é polícia e quem é ladrão. A caminho da escola, Carlitos, o sonhador, e Eduardo, o chefe do bando, levantam, ambos, os olhos para a pequena Teresinha que lhes faz sinal do alto da sua varanda...

Outras fórmulas mágicas existiram e existem ainda em algumas brincadeiras e jogos de muitas crianças, de caçadinhas, de escondidinhas, da bola… Surpreendentemente o "Aniki-Bóbó" continua a revelar-se moderno face a algumas realidades da vida, de liberdade e de responsabilidade, do imaginário de meninos livres, pobres e aventureiros. Fascinado desde sempre por esta emblemática obra cinematográfica portuguesa, e que o público não acolheu com grande simpatia na altura, nela me revejo, parecido com um Carlitos, tanto no aspecto físico como na sua timidez envergonhada, silenciosamente apaixonado, sossegado, distraído e amedrontado, na cidade que me conhece e em lugares e cenários que a memória e a actualidade habita. Ao fazer o “Porto da Minha Infância” em 2001, Manuel de Oliveira já se lamentava que muitas das paredes que povoam a sua memória eram ruínas. Hoje o cineasta cumpre 100 anos de vida, a filmar e a mostrar ao mundo vidas e paisagens da cidade onde nasceu.



Este vídeo só me foi possível colocar aqui com a simpática colaboração da nossa amiga Ka. Obrigado.


título!? a foto já diz tudo.

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Como normalmente o faço no meu trabalho, durante o dia vou utilizando o pêcê da instituição que também está ali para me entreter e distrair um pouco. Ele pede-me e, lá a muito custo, faço-lhe o "fabôre" de visitar os meus vizinhos do blogobairro e assim nos podermos divertir um pouco durante o intervalo para o almoço ou mesmo nas chamadas “horas mortas” (truz-truz, madeira-madeira). Hoje não foi excepção à regra e tive bastante trabalho.

Chegado a casa, e depois de um lanche bem reforçado, vim tirar as teias de aranha deste teclado negro enquanto ia fazendo uma espécie de estágio para a futebolada mais ao fim do dia. Mal tinha começado a clicar nos meus “linques”, zás... catrapás! O meu pêcê passou-se, enterrou-se, fo…i-se! Nem mais um clique do rato me permitiu, nem mais uma tecla digitada me mostrou! Deixou-me completamente bloqueado e nem queria encerrar a sessão. Lá teve de ser, encerrei-o à bruta pois tinha que me pôr a caminho do Dragão.

Chegadinho do estádio, bem geladinho e ainda a lambuzar-me dos golos e das pipocas, tratei de ver o que se passava com o bichinho que me permite navegar por blogues antes navegados. Liguei-o, normal. Acedi à net, normal. Entrei no gabinete, normal. Bom parece que a filoxera da tarde já lhe passou. Oh pá, para lá com isso! O gajo desata a abrir janelinhas por tudo o que era monitor, até parecia que de repente tivesse sido possuido e tomado por entidades superiores e me abandonasse de novo. Para acabar com aquele desatino, corri uma série de programas tipo mata ratos para ver que pragas ele tinha e desinfectar-lhe o disco, praticamente virgem, que coitado fora atingido por vírus, vermes, troianos, netianos, bloguianos e mais alguns marcianos do espaço cideral internético, os malditos spams. Ao fim de uma luta desigual varri-os de todos os cantos e recantos, e até ver parece que me livrei deles, parece!

Ui, já são quase uma da manhã! Bem, só deu mesmo para escrever este poste à pressa e para uma visitinha ou duas à blogovizinhança. Assim que puder farei a minha ronda, agora bora lá dormir que amanhã é dia de pica-boi. Pois é, tenho o dever profissional de picar o ponto, a horas, pois não sou deputado de um certo parlamento, o que lamento.

quarta-feira, dezembro 10

imagina

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Um pedido apenas! Imagina! Imagina um mundo diferente, onde todas as pessoas dividissem, compartilhassem, respeitassem, ajudassem, entendessem, apoiassem, pacificassem, se unissem.

Cumprem-se hoje 60 anos que um grupo de países - Organização das Nações Unidas (ONU) - elaborou a Declaração Universal dos Direitos do Homem:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”

É muito bonito no papel mas infelizmente durante estes anos todos muitas situações ocorreram em todo o mundo que denegriram e mancharam tais princípios.

Provavelmente dirão que sou um sonhador, sim sou mas não serei o único. Imagina! Sei que posso contar contigo. É tão simples, basta que tratemos com respeito, amor e fraternidade cada ser humano que cruzar no nosso caminho. Só isso! Tão simples!


A perfect circle: Imagine



segunda-feira, dezembro 8

instantâneos de Viana

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auto-reflexo




...luz nocturna!



...eu tumbém!



...de perder a cabeça!



...decorações interiores!



...um sorriso e já está!



...olh' ó passarinho está ali!

terça-feira, dezembro 2

mas onde está o passarinho!?

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Quem atravessava o jardim, erguia os olhos para o arvoredo tentando vislumbrar os autores de tanta azáfama. Agradável e colorida, aquela tarde de um Domingo de Outono estava mesmo apetitosa para um calmo e familiar passeio por caminhos traçados entre a relva e as flores.
- Ó mãe, ele está ali!
- Quem meu filho?
- O cavalinho!
Correram para ele. O fotógrafo teimava em exercer ali a sua arte, o seu único meio de subsistência. Ocupava um cruzamento de caminhos ao lado de bancos e repuxos de água, perto de um quiosque tradicional coberto de revistas e jornais diários. Num quadro, seguro a um tripé, e na caixa da velha máquina ele expunha os trabalhos realizados e não reclamados para atrair o publico.
- Ó senhor, posso subir pró cavalinho, posso, perguntava o mais novo, fitando-o.
-Olhem só, que meninos tão espertos, querem um retrato? Recebe o olhar desconfiado do mais velho e um encolher de ombros como resposta. - Eu não quero tirar retratos, ripostava timidamente. Queremos subir para o cavalinho!
- Pois com certeza, os meninos mandam, venham cá!
Um à frente do outro, o fotógrafo colocava-os na garupa do cavalinho de madeira, preso à sua tarefa de modelo fotográfico. Estático, não se mexia mas eles não pensavam nisso. Num faz-de-conta intenso, já cavalgavam desenfreados como os cowboys e os índios.
- Querem tirar uma fotografia? Perguntava-lhes o pai. Acenaram as cabeças consentindo e interromperam a corrida ficando quietos em pose. Antigamente o mundo mágico da fotografia de jardim era basicamente uma simples caixa negra sobre um tripé com um furo por onde entrava a luz e do outro lado um pano escuro onde o fotógrafo se escondia por momentos. "Olh'ó passarinho" gritava do fado de lá enquanto apertava um botão! Poucos ainda se recordarão do tempo e quanto custava fazer uma fotografia rápida, “á la minute”, da necessária imobilidade da câmara e na qualidade da fotografia.
- Desculpe, mas esse líquido onde mergulha o papel não lhe faz mal aos dedos? Perguntava a mãe dos meninos. Ele sorria e respondia que já estava acostumado, é mesmo assim! Molhou o negativo no ácido que ajuda a transferir a imagem para o papel. No final pendurou o pequeno papel seguro por uma mola numa corda e pediu para que aguardassem uns minutos, para secar. Ele já perdeu a conta aos rostos e sorrisos que captou com a sua objectiva, à quantidade de vezes que montou e desmontou aquele cenário perfeito ao sonho e fantasia de tantos meninos. Quase todos gostam de ser fotografados sentados no cavalinho de madeira. Transportou a preto e branco para o papel simples momentos do quotidiano, da sociedade, do passado, que hoje são recordações na carteira e no álbum de muita gente. Não é incrível pensar como o mundo da fotografia e das máquinas fotográficas evoluiu? Como é agora tão fácil pegar num pedaço de papel retirado do álbum de família, coloca-lo num scanner e transforma-lo num ficheiro jotapegue que permite transportar um belo momento de outros tempos para este mundo virtual!



Tenho que agradecer aos modelos, o meu mano, a mim e ao cavalinho, que já não me lembro do nome, a amabilidade e paciência que tiveram com a sua pose para a realização deste poste!


PS: Voltarei depois de uns dias de descanso. Boa semana.

segunda-feira, dezembro 1

aos nossos pais

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Do amor, do “sim”, do trabalho, dedicação de uma vida plena de alegrias, agradecemos aos nossos queridos pais. À nossa vida e à forma como nos ensinaram a vivê-la, com sabedoria e dignidade, nos indicaram sempre o melhor caminho, com afecto e intuição, para que o descobríssemos sem medos e confiantes, se doaram inteiros e nos incluíram nos seus sonhos, para que também pudéssemos realizar os nossos. Vos amamos!
Paulo e Tó