terça-feira, março 31

que horas são?

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Este sol tão luminoso que por cá vamos tendo nestes dias cada vez mais longos, embora cada vez mais frios, lembra que estamos novamente a caminhar para o Verão. É este o ciclo natural do tempo, só que alguém se lembrou de optar por todos nós e, não contente com esse ciclo natural, regulamentou que deveríamos mexer nos relógios e adiantar ou atrasar uma hora. Assim, todos os anos no último Domingo de Março devemos adiantar os relógios em sessenta minutos, e no último Domingo de Outubro devemos atrasá-los outros sessenta minutos. A verdade é que não vejo grandes razões nem benefícios para termos que atrasar ou adiantar a hora. Afinal, porquê toda esta baldroca que nos troca as voltas dos ponteiros, e nos deixa confusos durante os primeiros dias após a mudança num verdadeiro “jet lag” biológico, sem horas certas e a apanhar uns valentes sustos cada vez que olhamos para um relógio que ainda está pela hora antiga? Na hora de acertar os relógios para os novos horários, atrapalho-me sempre e perco algum tempo a tentar perceber se é para adiantar ou atrasar! O que vale é que há sempre alguém pronto a nos avisar que o relógio do gabinete continua atrasado, não é pai?


segunda-feira, março 30

na bicicleta [5]

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(manhã de Domingo, Foz do Douro, Porto)

Eu vim porque sei que posso contar contigo. Aqui em frente a ti eu paro e encontro a serenidade. Ouço a tua música que leve me acalma e me embala. Deixa-me ficar a teu lado, com o teu mistério ao vento, porque me deu uma imensa vontade de assim soltar palavras e prender o tempo que o olhar perde para lá do horizonte azul, inundado por raios de sol filtrados das nuvens da Primavera. Aqui desperto de sonhos que o coração em vagas me inebria e devagar se aquieta da sua entrega ao ritmo doutras ondas. O teu sólido bater de lágrimas, entre nós e as rochas, me cospe de novo à vida, à minha viagem. Eu vim porque estou tão longe e quero estar perto de ti, da tua
força, da minha natureza.

sexta-feira, março 27

addicted to blog

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Às vezes até penso, maldita a hora que me embrenhei nesta floresta digital, com a abertura deste húmido e blogorento T0, para escrever nele e nos outros blogues que gosto e visito. É que isto, às vezes, é como um vício que se instala, uma necessidade que atormenta os neurónios. As tarefas diárias já tomam conta do tempo em que se está acordado e ainda se acrescenta mais esta, que desperta todos os sentidos e prolonga a insónia. Ele é o filho que chama, pois quer ir para o judo e o pai nas calmas a ler o Ares da Patti, a comentar no blog-da-Ka e já como um 31 a rir com o que a Gi publica. A banca cheia de louça para lavar e o Paulo a dar os parabéns ao Francisco, a roer mais uma curta do Rafeiro, a avistar o Rochedo do Carlos, dali para a Si, ou para tantos outros que bem poderia citar. Este funcionário exemplar, que deveria concluir atempadamente o seu expediente, à primeira oportunidade só pensa no que há-de escrever e publicar.

Esta troca de ideias, de informações, de vivências, é altamente contagiosa e faz-me muito bem. Um hábito quase diário onde encontrei leitura de qualidade, bons amigos, boa informação e divertimento garantido. É claro que não quero levar a vida em função do blogue, e por isso decidi encerrar o expediente deste gabinete ao fim-de-semana, numa de desopilar e renovar energias. Acho até fantástico isto que os blogues permitem, esta relação de empatia e de amizade que temos com outros que, como nós, adoram perder tanto tempo com isto… ah, não era para dizer?! Então, outros que ainda não conhecemos pessoalmente, até nunca conheceremos, e aqueles com quem já jantamos e rimos. E o mais extraordinário, é esta comunhão de interesses que a comunicação permite. Nas quase oito horas que passo, em frente ao monitor, lá no verdadeiro gabinete, abro sempre de par em par a minha janela para contemplar todo o blogobairro. Uma a uma, espreito as vossas moradias e nelas procuro deixar um sinal na caixa do correio, em forma de postal comentado. Como já dei a entender, ultimamente, a minha triste figura não tem sido lá muito assídua nas vossas salas de espera. Tal acontece porque a minha querida entidade, e querida só porque me paga... rhummm, fez uma cena de ciúmes, embirrou com a malta, e já não permite que se use a ferramenta como antes! Damned, que chatice!!!



Mesmo que não po
ssa comentar, procuro estar sempre por perto a blogar como se estivesse em profunda crise de abstinência. Confesso, é mesmo um vício, mas considero-o um vício saudável, já vooouuu, e dia-a-dia vou escrevendo, visitando, às vezes comentando, é só um instante filho, onde a descoberta que se faz de novos blogues é fascinante, e é mais um que se adiciona, e visita, e comenta, já vou querida, e ainda tem o da Inês, o do Paulo, o da Gata, o da Vekiki, este e aquele, vejam que a pressão é grande mas o viciado não se entrega… Se souberem de alguma cura, avisem-me, tá?!

p.s: Faxabôre, os meus amigos bloggers ou simples visitantes, considerem-se também incluidos nas referências deste texto. Bom fim-de-semana.


Robert Palmer - Addicted To Love


quinta-feira, março 26

paulofski no país das maravilhas [1]

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Foram ontem encerradas as linhas ferroviárias do Corgo e do Tâmega. Por despacho do Secretário de Estado dos Transportes, as linhas que servem muitas das populações de Trás-os-Montes, e que apenas tinham o comboio como transporte colectivo único, foram estranhamente encerradas, sem qualquer aviso prévio, alegando-se vagas razões como “factores negativos” e “problemas técnicos”. Sucessivamente, os governos deste país das maravilhas abdicaram de investir na região e ainda por cima a fecham por motivos de segurança e facilitismo de curto prazo. Viver no Interior profundo, viver em Trás-os-Montes, é uma prova de resistência e uma prova de amor à terra, no seu sentido mais profundo, que poucos parecem entender e consecutivamente atentam contra a dignidade das pessoas que teimam viver nas suas aldeias. O caminho-de-ferro no Interior transmontano é também a ligação da região à única fonte de riqueza que ainda lhes resta, o turismo, e não faltam excelentes condições para explorar este filão, que faz parte da identidade de toda uma região classificada como património mundial. Uma vez que se o esforço de consolidação de segurança é sempre louvável, já não o é o estado a que deixaram chegar a infra-estrutura para ser preciso encerrá-la na sua totalidade. Exige-se um plano de modernização das vias e o início da intervenção na via imediatamente, e não em datas que nem a própria tutela sabe adiantar porque nem sequer pensaram nestas. Para evitar a desculpa que um dia seja tarde de mais…


quarta-feira, março 25

vozes do gabinete, bem lá do fundo...

Partilhar ... de onde estou.

Já não encontro o caminho para aqui! Ando à procura dela, da minha velha e gasta fechadura, que me abria a porta deste blogabinete, mas que se perdeu no espaço. A chave da porta tenho-a eu, bem guardada nesta memória que já foi de elefante e agora não passa de aleatória. O que faço agora? Como posso eu entrar no virtual se a parede de fogo me barra o caminho? Faz-me falta o mundo que esta passagem me permitia e se recusa aceitar, a minha e qualquer outra palavra-passe. Indiferente, procurei e encontrei uma ténue solução. Como se me transformasse numa mosca e, voando, entrasse por aquela abertura que se vê na janela partida. Já cá estou! Mesmo em condições precárias o que interessa é que já cá estou, de volta ao meu abrigo. E por isso escrevo, escrevo porque escrevo, escrevo porque não tenho nada melhor para fazer e porque preciso de escrever, escrever o quanto puder, porque estas palavras valem tudo, até substituem a imagem que colocaria mas não vos consigo mostrar. E porque agora já posso blogar e, de outra forma, vos contar o quanto gosto de estar por aqui, como uma mancha de cereja em pano branco.

Vou publicar. Estou curioso por ver como isto vai ficar!

terça-feira, março 24

apenas um

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A vida no mundo da lua é solitária, e na terra também é! Por mais que as pessoas me cerquem, me falem, me chamem, eu sou apenas um. Único, só, singular, inédito. Por mais eus que vivam dentro de mim, por mais que me divida, por mais que esteja em todo o lado, seja quem for e quem nem outro poderia ou saberia ser, sou um solitário, perdido no espaço como um papagaio de papel.
Sem o meu espaço não sou quem penso ser. Não vejo o meu reflexo nas estrelas, não me ouço nem me sinto, sou uma criação de alguém que me imaginou assim. Diferente, próprio, comum e mortal. Eu tenho medo. Medo do escuro, medo do vazio do espaço, de histórias que nunca conheci. Sinto medo em estar só. Tenho saudades do passado que não tive, do que não vivi e do início que não percebi.
A vida é estranha. Penso e me impulsiono, queimo o combustível que me alimenta, que me faz voar mais alto, mais longe de tudo. Tudo que vivo me leva para cima. Queimo tudo. E o que fica? Lembrança. Quanto mais alto, mais distante fico das coisas na terra, do ponto de partida, das coisas que me prendem à vida monótona, horizontal, solitária. Prefiro subir, sentir o frio do espaço e o brilho do sol. Solitário, lá fora no espaço, sonho em voar para sempre, poder chegar perto do sol. No céu não há limites. Subo enquanto tiver combustível para queimar até que o pouso me restaure a consciência, novamente para me descobrir.
É apenas o meu emprego, cinco dias por semana, um homem foguete que o vai ser por muito e muito tempo… um homem foguete.



Jason Mraz - Rocket Man


segunda-feira, março 23

reposte 2 [relacionamentos]

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Neste oceano de relações que é a nossa vida, é inevitável que se criem vínculos: amizades, carinhos, respeito, cordialidade, preocupação… Mas, por essas mesmas relações às vezes ficamos vulneráveis. São atitudes nossas que não encontram a receptividade esperada, são preocupações que só aumentam a energia desajustada dos problemas e são as palavras, muitas palavras, que dizemos ou que nem dizemos, para não magoar mais, para não ferir, para não ser conivente, ou aumentar as coisas que já estão em desarmonia. Alguns de nós são do tipo que falam demais, vomitam palavras sem contexto, palavras que parecem nem vindas do pensamento. Despejam tudo, inconfidências, palavras e sinais, sem se dar conta do resultado final e que gere mal entendidos, acusações, silêncios. Outros de nós são do tipo que falam bem menos, não “se metem”, meditam bastante sobre o que dizer, têm cautela excessiva e acabam perdendo a oportunidade do momento certo para falar. Têm medo de se expor, receio de se magoar e de magoar, mais medo ainda de não ser aceite, e muitas vezes falam só o que o outro prefere ouvir, resultando um discurso politicamente correcto, incoerente, vago. No entendimento e relacionamento familiar, de amizades ou de grupos sociais a habilidade de comunicar deve ser cuidada, falar apenas aquilo que precisa ser falado, nem uma letra a mais, que é para não “se meter onde não precisa”, e nem uma letra a menos, para não ficar com algo “entalado na garganta”! Muito poucos de nós são bons na arte de comunicar, e mesmo assim em poucos momentos! E já que a vida não tem roteiristas, e somos nós mesmos que falamos “de improviso”, um pouco mais de atenção aos desequilíbrios da nossa comunicação poderá facilitar nas relações, gerando mais empatias e bem estar.



Este fim-de-semana meti a mão ao bolso e descobri que o Paulo me deixou lá este selo, ainda por cima completamente exclusivo, huauuu... quanta honra pá! Agradeço-te todo o destaque que dedicas a este cantinho, e sem nomear nenhum porque sois tantos, reenvio desde já o selinho a todos os que me visitam. Vamos lá a agradecer, ó faxabôre.


sexta-feira, março 20

vida

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A manhã, a tarde e a noite.
As coisas simples da vida são tão boas de viver!
A vida é simples de viver, nós é que a complicamos…
Não há nada melhor nesta vida que a simplicidade.
É partir dessa simplicidade que descobrimos a beleza da vida, está mesmo nos momentos diários e até monótonos, e que por serem de rotina nos esquecemos de os fazer notar.
É com ela que começamos a caminhar, em passos mais leves e não tão apressados, pelas ruas da cidade, como se o mundo fosse acabar com dia e hora marcados!
É dela que brota a esperança, de que não importa quanto tempo se guarda um sonho e a paciência, pois um sonho nunca perde a validade.
É por ela que aprendemos a fazer dos momentos difíceis, uma reflexão, uma escolha, um olhar mais tolerante.
A riqueza da vida está nas belezas subtis, sempre foi e sempre será assim.
Nós é que a complicamos, sei lá porquê!
Beijos, flores e nuvens…

Volto Segunda-feira, até lá bons dias.

quinta-feira, março 19

olá pai

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Bem sei que ainda ontem falamos e caminhamos juntos, no entanto aproveito este dia, que é do pai, para te dedicar estas palavras, agradecendo-te e dizendo o quanto és importante para mim.

Um dia fiz-te um pedido, talvez um pouco estranho para ti mas que para mim era mesmo um sonho. Poder ter um computador. Bem, um ZX Spectrum não era mais que um teclado que se ligava a um televisor, a um reprodutor de cassetes e que dava para se fazer umas brincadeiras e alguns joguitos. Consegui até convencer-te a patrocinares uns cursos de informática teórica nas férias grandes. Uns anos mais tarde, e com a ajuda da mãe, comprei ao meu futuro sogro o Amstrad 1640 que ele tinha para lá encostado. Que grande máquina, dupla entrada de disquetes de 5", monitor a cores e já vinha com rato. Nele, eu fiz bastantes trabalhos e ainda ganhei algum dinheirinho. Esse bichinho barulhento foi o meu melhor instrutor de informática que alguma vez tive, lento e rápidamente ultrapassado. Uma das minhas batalhas contigo era fazer que entendesses como é que um computador com apenas 3 ou 4 anos já estava bastante ultrapassado, mas é mesmo assim pai, num mundo em constante evolução tecnológica o mais sofisticado torna-se efémero. Vê o que se passa com os telemóveis. Mais tarde, uma chance surgiu e a minha insistência teve frutos. Ajudaste-me a comprar o IBM 486 novinho em folha que a empresa te facultava em brandas prestações. Não sei bem porquê, mas esse ainda o tenho, lá para a arrecadação, muito bem encaixotado.

Pois é pai, nunca é tarde para aprender e tu bem o sabes. Fizeste tu muito bem em entrar para o mundo da informática e assim poderes entender e aceder a este meu gabinete. Tu és o meu mais recente leitor e aguardo ainda o prazer de poder ler um teu comentário. Vamos lá a recapitular, é fácil:

No fim deste texto surgem a azul umas letrinhas com os dizeres "# que não esperaram em silêncio". Coloca a setinha em cima até surgir a mãozinha e clica com o botão esquerdo do rato. Assim que surgir a caixa de comentários, desliza o cursor à direita para baixo até aparecer outra caixa com a frase "Deixar o seu comentário / Diga lá ó faxabôre... Agora é só escreveres o que bem entenderes, não vale é dizer mal de mim, ok? Clicas na bolinha antes de Nome/URL, escreves o teu nome no rectangulo correspondente e no fim carregas nessa barra laranja para publicares o teu comentário.

Tem um bom dia do pai e um forte abraço com um beijo da malta.

terça-feira, março 17

divulgação

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Receptivo ao pedido que a minha amiga Pipas faz no nosso blogue de amigos "MadalenaPeople", decidi divulgar e publicar aqui as fotos dessas pequeninas, para alguém que as queira adoptar. São duas "pimpolhinhas" que a Pipas encontrou próximo de Águeda (na Borralha), junto a um parque de merendas. Ao que parece, a partir de Abril e nos fins de semana, este parque é invadido por "humanos", pelo que convinha arranjar-lhes um lar até essa altura...

E-mail disponível no perfil para possíveis contactos.

Adend
a: Recebi um desafio e um exemplo do que nós aqui podemos fazer, cada um de nós e todos juntos, para combater o abandono dos animais:




Que tal pegar num destes cartazes, imprimi-lo, deixá-lo no veterinário, na escola, no trabalho, dilvulgá-lo aos amigos, aos conhecidos, reenviar por e-mail ou até pôr no seu blogue! Porque não!

Junte-te a quem luta contra os maus-tratos e abandono de muitos animais!

http://wecare4animals.blogspot.com/


segunda-feira, março 16

sorri...

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...porque os dentes não foram feitos apenas para morder!

Aproveito assim, rapidamente num tempinho livre, para fazer os devidos agradecimentos especiais a todos os amigos que passam por aqui, com comentários ou não. Em breve estarei mais presente e a retribuir as vossas visitas.

Obrigadosss...

sexta-feira, março 13

13 de Março de 2099...

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Após a grande revolução andróide, que se tornara o único sistema operativo para todo o sistema solar, a sociedade era a família e educava uma criança de uma forma mais colectiva, sob a influência do pós-humanismo. Assim, como os seus amiguinhos, Félix recebeu o seu primeiro robot educativo, recheado de recursos e programado para ser o seu “big brother” que permitia, entre muitas outras funções, a sua mãe monitorizar todos os passos que dava assim que saísse de casa. Para um miúdo de apenas quatro anos, Félix demonstrava ser bastante inteligente e perspicaz, e dentro da sua inesgotável curiosidade queria conhecer melhor todas as potencialidades do seu novo companheiro. O pai programou o Sócrates para registar e reportar em tempo real tudo o que faziam, o que levou Félix a perguntar-lhes: E se eu não quiser que saibam onde estou? O pai riu, olhou para a mãe e brincou: Oh meu maroto, e eu posso saber como é que um menino do teu tamanho vai andar por aí sem que os pais saibam onde estás? É só para tua segurança, filho… Félix começou a olhar desconfiado para o seu robot. Se ele saía da escola e parava no parque para brincar, logo a mãe ligava a voz do Sócrates e lhe pedia para ter cuidado. Se aceitasse o convite de um amigo, a mãe cobrava explicações por ter trocado o seu caminho normal por outro que não era habitual. Ao longo do tempo, ele foi aceitando o robot, uma caixinha brilhante que já o conhecia bem, cada vez com maior amizade e carinho. Sócrates cumprimentava-o com cordialidade, perguntava se queria jogar xadrez com ele e, quando passavam junto de uma nave de gelados, o robot vibrava e avisava que o Mega de Morango, o gelado preferido do garoto, estava em promoção! O que deixava o Félix ainda mais curioso era mesmo saber como aquela máquina estranha podia fazer aquilo tudo, e isso para ele era uma fixação.

A grande revolução andróide foi-se tornando o padrão mundial. Utilizado por todos os governos, monitorizava os humanóides, adoptando o uso de implantes, uma tecnologia desenvolvida para a colocação de um nano-chip, o Chipo, sob o couro cabeludo incorporado no crânio das pessoas, que através dele podiam fazer mil e uma coisas, desde controlar sistemas de reconhecimento, compras com débito instantâneo e reciclagem dos fluidos corporais. Nessa época, os implantes eram logo inseridos nos bebés mal nasciam. Assim, tanto os desaparecimentos, como abusos e maus tratos envolvendo crianças, foram simplesmente apagados do planeta. A pedofilia foi extinta e a violência quase passou à história. Todas as actividades humanóides que envolvessem identificação e localização do indivíduo eram realizadas com a rapidez do omnipresente Chipo. O planeta Terra tornara-se um local pacífico e bom para se viver. É claro que haviam algumas excepções! Algumas organizações rebeldes resistiam em países do antigo terceiro mundo e recusavam-se a adoptar a nova tecnologia. Teimavam em viver numa pré-história tecnológica. Ocupavam regiões longe do desenvolvimento do mundo real, numa espécie de reservas naturais, tentando aqui e ali sabotar e limitar o sucesso do sistema operativo, introduzindo alguns vírus maliciosos da velhinha Internet.

Naquele dia, Félix estava numa aula de Autonomia Privativa, a disciplina que menos gostava. Ele assistia à aula da sua mesa, numa ampla sala com vista para um imenso monitor transparente. Haviam um sem número de comandos na sua mesa, e o Chrome, uma superfície sensível à sua íris, exibia uma tabela de questões que teria de responder para ultrapassar mais uma etapa da sua formação. Félix estava cada vez mais pálido. Magalhães reconheceu-lhe imediatamente uma brusca mudança na sua pulsação e mesmo antes que ele instruísse o primeiro comando, abriu uma janela privativa no Chrome e propôs ao sistema um intervalo para dúvidas de ingenuidade. Receptivo a esclarecer dúvidas de ingenuidade, menino Félix?, questionou. Não é nada disso Sócrates! Já reparaste que dia é hoje?

É 13 de Março de 2099, sexta-feira 13!!! Porquê?!



Kraftwerk - The Robots (Live)


quarta-feira, março 11

bom dia

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Não te escondas mais. Sai para o mundo, mesmo que julgues não ter sempre as atitudes mais certas perante cada situação. É certo que a vida cobrará muitas respostas das tuas acções, mas se te escondes deixas que o barco siga sem rumo, sem a direcção correcta aos teus sonhos. Ficas apenas à espera do que não vai acontecer. Não te intimides com o medo, revela-te. Sê tu mesmo, de firme e forte opinião. Se o problema se aparentar intransponível, espanta-o com a tua decisão. Encoraja-te, não deixes que os outros escolham por ti. Liberta as emoções que são como ecos que largas no ar, vão e voltam, como resultado das tuas escolhas.





Como a noite que embala o dia, que amanhecerá radiante. Um bom dia para mais uma oportunidade. Outro convite para a vida, todos os dias, em todos os momentos. Mesmo que sejam poucos os recursos e conquistas, e que o sonho não se realize só de esperanças, no meio de tantos problemas, permite-te desejar dias melhores, dizendo adeus a este Inverno, e dar lugar à Primavera.

(clica nas letrinhas azuis e limpa as lágrimas da janela)


terça-feira, março 10

ponto de situação

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Aproveito desde já para informar os meus vizinhos que, desde ontem, a minha ligação ao blogobairro tem sofrido reveses vários, por deficiências de bastidores agravadas por uma baixa da tensão meganética da instituição deste gabinete. Se por qualquer razão….. de me ler é porque a ……. caiu!
Justifico assim a minha ausência das vossas moradias, caros comblogobairristas. Voltarei em força, esperam em silêncio, ou não.

Tomei conhecimento por vias travessas da minha condenação à revelia pelo GRANDE JULGAMENTO DO TRIBUNAL DE COSTUMES DO BLOGOBAIRRO. Fui considerado culpado por crimes de desobediência agrav… blá… blá… (cliquem aí nas letrinhas azuis para perceberem as injustiças (snifff… snifff) de que me acusam). Declaro sonelemente que não vou fugir para o Brasil, não me vou apresentar em Guantanamo... no Estádio de Alvalade, nem tão pouco corrigir os erros de ortografia do software 'Magalhães'. Que se lixe. Vou pensar seriamente se tudo isto valerá a pena, perder a minha horinha de almoço para publicar, quem sabe, o meu último poste antes que me levem à ruína. Resta-me talvez recorrer à fé, à salvação do senhor, colocar-me perante Ele, e de joelhos clicar:

Oh Google que estais na rede
Santificado seja o vosso nome
Venha a nós o vosso domínio
Seja feita a nossa pesquisa
Assim no IExplorer como no Firefox
Vossa sabedoria de cada dia nos dai hoje
Perdoai a nossa imaginação quando publicamos o belo
Mas não nos deixe de rato na mão
E nos livre da tirania da PresidentA… Também!




Mas... Não! Não vou pedinchar perdão, não me vou resignar à censura das imagens de femininos corpos carnudos, que esta PresidênciA impõe, não vou deixar de pedalar a minha bicicleta, nem deixar de blogar. Mil vezes não... Nem que para isso tenha de pôr os tarecos à varanda e despojar-me de todos os bens. Tenho dito.



ps: tempo de cozedura deste poste - 10 min.; tempo de publicação - 35 min. Irrraaa...


segunda-feira, março 9

o primeiro lugar

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Um profundo e longo bocejo estremece o quarto. O despertador nem chega a tocar e levanta-se já, autómato, com o indicador apontado ao botão “On”. Esfrega os olhos raiados e segue cambaleando para a mija matinal. Foge do olhar inquisidor do espelho. Do quarto, uma musiquinha habitual e característica sossega-o por breves momentos. Não se importa se dormiu alguma coisa ou se deveria escovar os dentes. Não sabe se chove ou se faz sol. Os pássaros cantam lá fora mas ele que não os ouve, pois os seus ouvidos estão já ocupados com o canto de um MP3. Abre o Outlook antes de abrir qualquer outra janela da casa. Bom dia! Gmail, MSN, Googletalk, mundo. Acontecimentos principais do dia. De frente para o monitor procura os restos da véspera, comida plastificada que é agora o seu primeiro almoço. O cérebro estilhaça-se em mil informações, um para mil, tanta informação para uma só cabeça. De que site saiu, para que site vai, é um conceito emaranhado de cliques e buscas, onde todas as coisas estão interligadas, sem começo nem fim. Descomandado, prime instintivamente o “On” do televisor onde cantam a missa dominical. Mais acordado troca de canal para outro mais radical. Não crê num ser superior, mas todos os dias ele vê a luz no monitor. Todos os dias tem vontade em se ajoelhar, em agradecer aos génios e aos servidores, o milagre da tecnologia, a experiência de estar permanentemente conectado, em comunhão com o mundo cibernético. Não, não o convidem para um passeio, não o chamem para ver o sol. Pode durar mais do que algumas horas, pode perder alguma coisa. Há sempre algo novo, algum contacto, de alguém algures, do outro lado da rua, do outro lado do oceano.
Estão preocupados com ele? Eu sei
!


Coldplay - God Put A Smile Upon Your Face



para a Safira

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Happy Birthday to you... Happy Birthday to you...
Happy Birthday dear Safira...

"Passam-se os anos, apagam-se mais velas, mas ficam maiores os bolos e melhores os amigos."

Cantamos bem, pois cantamos!
Faxabôre, não há por aí alguém que nos tire daqui, please....




domingo, março 8

para a Teté...

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...um dia muito especial. Que ao receberes este ramo de mensagens o teu coração bata mais forte, os teus olhos brilhem e teus lábios sorriam. Parabéns Teté por estes anos dourados.

sexta-feira, março 6

no feminino

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Toda a minha vida fui abençoado pela alquimia feminina. Da minha mãe, que me recebeu no seu ventre, me protege, me educa, me torna e inspira no homem que sou. Da minha tia, que foi a minha segunda mãe e me ajuda a costurar as linhas por onde cresci. Das minhas avós, mulheres de força e de trabalho, que cavaram o solo e plantaram uma semente. Da minha mulher, minha amada e companheira que me dá o seu amor, o nosso amor, felicidade e realização da paternidade. De todas as minhas amigas mulheres. Das colegas de trabalho, mulheres na sua maioria, que cuidam, organizam, ensinam. Comandam. Protegem e preservam a vida.

Toda a mulher tem uma linguagem própria, um sensual e delicado olhar, composto de códigos e símbolos que nos percorrem e enfeitiçam numa lentidão hipnótica. Toda a mulher é perfume, é arte. Não ama só o que vê, o que ouve. Não ama só o que está ao vento, perdido, mas o que surge à superfície, na complacência de decifrar o que lhes dizemos. É nossa lei e discurso que a cerca e domina e nos grava na memória. A sua voz é o nosso canto, de guia e prazeres. É do nosso dicionário de significados que o tempo escreve e dá cor. É feita de silêncio e som, de sinais e tacto. Porque a sua pele é um livro, à espera dos segredos dos nossos lábios e mãos onde se tatuam desejos como se fossem ambições, onde se camuflam falhas de quem confessa seus degredos. Toda a mulher é um porto, uma vindima, uma moradia. E nós homens, que sem elas somos como uma folha seca, à deriva!


Katie Melua - The Closest Thing To Crazy


quinta-feira, março 5

só pra contrariar...

Partilhar ... venham de lá essas coimas (*)

Há dias andava eu nas minhas pedaladas pelo Parque da Cidade quando encontrei um amigo de longa data. Conhecendo bem os seus hábitos sedentários estranhei o facto dele andar por ali e perguntei-lhe:

- Então Rocha como vai isso? Tu por aqui!?

- Sabes Paulo, o doutor aconselhou-me a praticar exercício!

- Ai sim! Pois estou muito admirado por te ver aqui a dar umas pedaladas! E onde é que arranjaste essa bicla toda xpto?

- Vê lá tu que ontem mesmo, estava eu a fazer a passear a pé, a caminhar por aí, quando numa curva perto do Pavilhão da Água apareceu à minha frente uma rapariga nesta bicicleta. Ela parou de repente, atirou a bicicleta para o chão, despiu toda a roupa que trazia e disse-me: "Pegue o que quiser!"

- Eh pá, escolheste bem. Provavelmente a roupa dela não te iria servir!





(*) ver os dois postes anteriores

a nós ninguém nos cala

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Ao Alegre do blogobairro, em solidariedade por causa própria contra a fúria censória das sufragistas.



Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Pedalo nas palavras atravesso as cidades
bato às portas das casas e vêm homens espantados
ouvir o meu recado ouvir a minha canção.
Na minha bicicleta de recados
eu vou pelos caminhos.
Vem gente para a rua a ver a novidade
como se fosse a chegada do João que foi à Índia
e era o moço mais galante que havia nas redondezas.
Eu não sou o João que foi à Índia
mas trago todos os soldados que partiram
e as cartas que não escreveram
e as saudades que tiveram
na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.
Desde o Minho ao Algarve
eu vou pelos caminhos.
E vêm homens perguntar se houve milagre
perguntam pela chuva que já tarda
perguntam pelos filhos que foram à guerra
perguntam pelo sol perguntam pela vida
e vêm homens espantados às janelas
ouvir o meu recado ouvir a minha canção.
Porque eu trago notícias de todos os filhos
eu trago a chuva e o sol e a promessa dos trigos
e um cesto carregado de vindima
eu trago a vida na minha bicicleta de recados
atravessando a madrugada dos poemas.

Um poema de Manuel Alegre

quarta-feira, março 4

um poste muito interessante

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Acham que, se vos disser que hoje ainda não fiz o meu trabalho, digo, o meu poste, porque estou há duas horas de boca aberta em frente ao computador sem conseguir escrever uma palavra, vocês me dispensam da publicação?

Pois Gi...
Também me parece!



Adenda à adenda: Duas horas de boca aberta vendo este exemplar de duas rodas que me foi enviado via e-mail por um amigo ciclista e adenda ao poste em branco após o primeiro comentário da Gi...

terça-feira, março 3

palavras de amizade

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Palavras que fazem lembrar tanta gente! Amigos que gostamos durante anos e que a vida os desencontrou de nós. Amigos que foram e que não veremos mais senão em retratos que emocionam, nos recados, nas memórias, cartas e postais manuscritos. Crianças que cresceram juntas, amigos de rua, da escola, colegas de trabalho, bons momentos na vida. Outros amigos que conhecemos ao acaso e que se tornaram tão importantes. Amigos que felizmente ainda vamos encontrando, mesmo sem muita frequência mas que são amizades para sempre e presenças certas na nossa alegria.

As amizades virtuais existem. Algumas tornam-se reais, outras continuam distantes mas plenas de afinidades, do carinho que representam. Gostaria de poder abraçá-los ao vivo e a cores.


segunda-feira, março 2

na passada semana...

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... a Vekiki, num post que publicou aquando do primeiro aniversário do seu blogue, teve a gentileza de oferecer uma de várias frases de Mia Couto. Eu deveria escolher aquela que melhor me definisse ou tocasse, para publicar aqui no gabinete. Como sou um guloso, não escolhi apenas uma, mas duas dessas frases e ainda lhes juntei uma bela imagem que retirei algures do oceano de emoções que é a net. Como bem diz aqui a Vekiki, não há melhor presente do que palavras, e como tal decidi também retribuir o seu presente com estas declarações do escritor às perguntas de alguns alunos da Escola E.B. 2/3 Dr. Flávio Gonçalves, da Póvoa de Varzim, em visita do escritor a 14.02.2008. Perguntaram-lhe então do que pensa ser escrever bem:

"- É saber transmitir aquilo que temos dentro de nós e por vezes temos que ‘entortar’ as palavras.... Quem me ler, que desentorte as palavras. Quem está a ler é um segundo criador, tem que fazer das palavras suas e converter-se num escritor”; acrescentou:

"- Um escritor é alguém que é capaz de converter as tristezas em alegrias. A razão porque sou uma pessoa feliz é porque sou capaz de converter o mundo numa história. Só é feliz quem conta histórias”




"[...]Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga.[...]", in Mar me Quer, Mia Couto

"Que trazemos oceanos circulando dentro de nós? Que há viagens que temos que fazer só no íntimo de nós?", in Mar me Quer, Mia Couto