segunda-feira, abril 20

coisas da vida

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Por mais úteis que tenham sido para mim, nunca fui de me apegar aos objectos. Mesmo aqueles que me trazem boas lembranças. Depois do prazo de validade há muito se expirar, por ficarem obsoletos ou não servirem mais, ou porque simplesmente avariam, olho para aquele mono empoeirado, deixado a um canto, e penso: "terá isto alguma utilidade para mim?" No caso de uma resposta negativa, livro-me daquilo sem dramas, doando a outra pessoa se entender haver ali ainda alguma utilidade, ou então envio para a reciclagem, para o lixo.

Existem, no entanto, pessoas que não são capazes de se desfazerem das suas coisas de uma forma tão fria e despachada. Não conseguem transformar em lixo determinados objectos que, para eles, ainda possuem algum valor sentimental. Nem todos têm o privilégio de morar em casas espaçosas e de se poderem dar ao luxo de acumular tudo o que vão adquirindo ao longo da vida. Alguns menos afortunados, se pudessem, usariam a arrecadação da cave do prédio para criarem uma espécie de museu, onde depositariam todos os objectos e expunham a sua colecção de quinquilharias velhas e inúteis, que remetem à lembrança. E poderiam até lucrar com isso se porventura abrissem as portas a visitantes saudosos por aquilo que também fez parte das vidas deles:

Visitante: - Deve ter sido difícil separar-se de um telemóvel assim tão… tão giro?
Nostálgico: - Pois é, respondo, tentando conter os soluços. Sabe que tive as minhas primeiras conversas portáteis nele, até que um dia, outro de outra geração bem mais leve e magrinha veio colorir os meus dias. Enxugo as lágrimas enquanto acaricio o actual.
Visitante: - É mesmo muito triste… E o que tem guardado nessa caixa?
Nostálgico: - Umas botas que deixaram de me servir. Não imagina como eu adorava calçar estas botas. Ficavam perfeitas nos meus pés. E veja como estão novas, digo enquanto solto um suspiro!
Visitante: - E o que é que tem escrito na caixa?
Nostálgico: - Aqui jazem as minhas queridas texanas 1984–1986.
Visitante: - Tem mais coisas suas por aqui?
Nostálgico: - Ah sim, está ali uma bela máquina. Um incrível computador IBM486, com os seus 8MB de RAM, 125MB de disco, mais o monitor VGA, uma Playstation 1 que o meu filho deixou, e outras coisas da vida.

Posto isto, acho que não tenho razões em me preocupar se reservar espaço na minha arrecadação para um museu desses. Afinal, para mim, se algum equipamento deixou de funcionar e não teve reparação, vai direitinho para a arrecadação... digo reciclagem. Bem, menos aquele leitor de cassetes de vídeo avariado, que está no armário do meu quarto. Sabem como é, eu vi muitos filmes ali em boa companhia, e ainda tenho as cassetes VHS, guardadas algures e preservadas por uma fina película de pó!




14 comentários:

Kok disse...

Pensando bem, dava-me jeito que passasses cá pelo galinheiro, nem que fosse uma vez em cada dois anos!
Porque tenho guardadas algumas coisas que estão ali quietinhas há já algum tempo.
Um destes dias vou "vasculhar" as gavetas e expulsar tudo o que não mexer.
Se for questionado pela Galinha digo logo: foi ideia do gajo do gabinete!
Abraço pah!

PB disse...

Ui, tenho tantas cassetes. Ainda no outro dia encontrei uma que tinha os famosos 6-3. Guardadinha para mostrar aos netos um dia! Lol
Abraço

mjf disse...

Olá!
Eu sou um bocadinho apegada aos objectos que gostei e usufrui...
Mas volta e meia dá-me uma coisinha e faço como tu: não tem utilidade?? só ocupa espaço??
Lixo :=)
;=)

Beijocas
Boa semana

DANTE disse...

Se está obsoleto não guardo. Já tenho tanta treta em casa que me faz falta o espaço. Lixo! lolololol

Um abraço

Gi disse...

Pois eu apego-me a tudo; muitas vezes tem-me dado jeito.
Muitas vezes até me dava jeito aquilo de que me desapeguei.

Patti disse...

Desses objectos que referes também não me apego, Nem lhes chamo objectos, são utilitários.

Agora pequenos objectos sem qualquer valor económico, com memória, história, que evocam recordações, ai desses não me separo nunca!

Vera disse...

Tenho que confessar - sou uma "lixeira" confessa. Custa-me deitar fora as "minhas" coisas. Sou capaz de fazer grandes limpezas, esvaziar gavetas, fazer desaparecer brinquedos que ninguém usa nem se lembra que existem. Quando toca às minhas coisas...a verdade é que também guardo algumas sem pés nem cabeça para qualquer outro mortal racional...sou uma sentimental, até no lixo! Irra!

Vera disse...

Tenho que confessar - sou uma "lixeira" confessa. Custa-me deitar fora as "minhas" coisas. Sou capaz de fazer grandes limpezas, esvaziar gavetas, fazer desaparecer brinquedos que ninguém usa nem se lembra que existem. Quando toca às minhas coisas...a verdade é que também guardo algumas sem pés nem cabeça para qualquer outro mortal racional...sou uma sentimental, até no lixo! Irra!

Paula Crespo disse...

Guardamos tralhas a mais, é verdade, mas se as coisas têm algum valor sentimental para nós, então justifica-se...
Só de quando em vez me dá uma fúria amiga do caixote do lixo... ;)
Bjs

Inês Brito disse...

Há muita coisa que me custa deixar. Umas pelo significado de quem em ofereceu, outras só porque acho uma certa piada... Custa sempre qualquer coisa.

Bj,
(i)

Almeida disse...

Quem guarda o que não presta um dia terá o que precisa.

Umabraço

Tó disse...

Sigo os concelhos do "velho Sábio" do Pai!!!! ainda guardo algumas velharias, como bilhetes de avião, o Spectrum,o leitor de cassetes, a máquina de escrever...., o meu casaco de pele de qualquer coisa, que sempre que o encontro por lá esquecido me dá vontade de o atirar para o lixo, mas depois penso no dinheiro que aquilo me custou e fica por mais uma temporada, e o mesmo acontece com tudo o resto.
Manias

Abraço Mano

1/4 de Fada disse...

Venho agradecer os parabéns deixados lá no meu blog e dou de caras com um post que me trouxe recordações já bem antigas - a "tulha do velho Atílio" da novela "O Casarão", que passou ainda nos anos 70. Na minha família há um sótão do género...

Sandra. disse...

:))

é ma seca nos desfazermos de algo, a mim custa e num custa (lolol) sou de luas como diz a minha mãe, aliás ela até diz mais: "ah e tal és ingualzinha ó teu pai, num bus custa deitar nada fora, num serbe bai embora!!"

Pracasu tenho espaço pa guardar as "reliquias" num tenho é paxorra ;)) mazé tum bom andar a mexer nas tralhas q guardamos e lembrar q aconteceu akilo e maizakilo né??

xinhinhus pa tu da lua