quarta-feira, maio 20

aforismos

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No intuito de exemplificar a actual situação económica aos mais leigos, a nós que somos burros, os economistas costumam recorrer à analogia das despesas domésticas. Um país funciona mais ou menos como a gestão do orçamento familiar, não pode gastar mais do que ganha. É evidente que qualquer orçamento tem de ser responsável e realista, mais nas despesas do que nas receitas, senão um país como uma família vai à falência. Ora bem, podendo ou não viver em família, todos temos de gerir os nossos orçamentos, portanto até é fácil compreender os tais economistas. Esta analogia faz renascer a nostalgia que vive em mim, chegando ao ponto de me fazer recordar aqueles simples exercícios aritméticos que fazia na escola primária. Se uma mãe com 5 filhos gasta o seu dinheiro na compra de 4 pães, quantos filhos ficam sem pão! É claro que as contas se tornam mais complicadas quando se troca o ambiente familiar pelo orçamento partidário para uma campanha eleitoral, por exemplo. Até não é necessário recorrer a muita imaginação para que uma família-modelo viva subitamente uma infeliz realidade: Um pai que é um exemplo de gestão e sobriedade sonhou um dia em adquirir habitação própria e, não tendo outra forma de o fazer, endividou-se, contraiu um crédito à habitação. Responsável que ele é, paga religiosamente as prestações com o salário do seu trabalho, do seu esforço. Uma incontornável fatalidade surge na sua vida, a empresa onde trabalha encerra e assim vê-se subitamente como mais um dígito nas estatísticas do desemprego. Com escassos rendimentos uma tragédia familiar ocorre e, um dia, ele é obrigado a escolher entre alimentar os seus filhos ou continuar a pagar a sua dívida. Qual o exemplo que ele deverá dar aos seus filhos? E a nação? A escolha da nação como se gerir perante esta recessão económica não é exactamente a mesma que a do nosso pai de família imaginário, mas não andará lá muito longe da realidade.

Por isso, reformulo o velho aforismo popular e interrogo-me: Em casa onde não há pão, todos ralham e os culpados onde estão?

12 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Eu sou mais apologista de "em tempos de crise, porrada nos causadores da mesma". Isto só vai ao sítio quando os culpados começarem a serem verdadeiramente punidos, de outra forma sentem uma tal impunidade que dá no que vemos.

Abraço!

Si disse...

Neste caso, o problema é facilmente resolvido, utilizando não uma regra da matemática, mas uma regra da química. Tal e qual como acontece com as verbas atribuídas aos orçamentos de campanhas eleitorais, o pai deixou de fazer parte das estatísticas dos desempregados com um evaporamento miraculoso que soluciona de imediato todas as questões seguintes...

Vera disse...

Eu acho que quem pôs a grande Família portuguesa neste ponto de dificuldades, está a viver, longe. Dentro de uma redoma onde as dificuldades não são sentidas...

Gi disse...

E eu diria ainda ... e os culpados quem são?
Que por cá a culpa morre mesmo solteira, deve ser por isso, para não ter família.

Patti disse...

Sabes que estou, desde o mês passado, a fazer uma experiência com os detergentes da louça, de marca e de marca branca. No final, digo o resultado da opção mais rentável.

Até um dia destes.

Carla disse...

confesso que te li com toda a atenção, mas a imagem não me saia da cabela enquanto o fazia...
beijo

Almeida disse...

Tens muita razão no que dizes,mas nós ficamos com a razão e eles ficam com a maça.
Um Abraço

Ka disse...

lá, ó faxabôre...


Sabes o que mais me choca? é que além da culpa morrer solteira, o descaramento com que tudo é feito hoje em dia. Já nem se preocupam em disfarçar...

beijinho

Anónimo disse...

Os culpados? estão a legislar para obter mais rendimentos e tornar legal aquilo que era ilegal. Simples e eficaz, não é?

mjf disse...

Olá!
Os culpados andam por aí, com cara de pau...e com as economias bem longe de Portugal....
Vivendo á grande ...sem apertarem o cinto;=(

Beijocas

Teté disse...

Infelizmente, os culpados ainda andam a gozar com a cara de todos nós! Com a maior cara de pau e julgando-se acima da carne seca!

Num país a sério, já estariam presos por muitos anos e bons e sem os bens que ROUBARAM com o maior descaramento!

Este assunto irrita-me um bocado, como se nota...

Beijocas!

PB disse...

A culpa morre solteira e o pagode é que se lixa...